terça-feira, 24 de março de 2009

O Amor nos Tempos do Cólera




e, pela primeira vez segurou na sua mão. puxou-a para o seu corpo e a levantou. podia jurar que ouviu seu coração batendo em descompasso. buscou pelo chão os cadernos, livros e canetas que haviam caido. no meio de suas coisas ficou um caderno de anotações. quando se tocou, ela havia sumido. a questão era: ler tudo que estava escrito naquele caderno aproximaria ou distanciaria a possibilidade de poder encontrá-la novamente e perguntar pelo menos seu nome. resolveu a parada e fechou o caderno. uma freada brusca e rente o acordou de seus sonhos. foi correndo ver o que tinha acontecido. uma menina deitada, silenciosa, o outono esvoaçando sua saia. pôde quase ver o sorriso que havia encontrado faz pouco na outra esquina. dia seguinte: foi se despedir. não sabe por que. mas foi. vestiu uma camiseta branca, a calça nova e comprou flores do campo. tudo como queria no seu próximo encontro. estendeu-lhe as flores, deu um beijo carinhoso em seu rosto, disse quem era e que não conseguia parar de pensar nela, que não havia dormido direito e que precisava vê-la novamente. discretamente, devolveu seu caderno de anotações. e soube seu nome. esperou todos irem embora, já era tarde e um vento frio vinha do lado sul. a garoa começou a descer forte. era hora de ir também. pegou seu estilete, dirigiu-se à lápide, e ao lado do nome dela riscou o que tinha sido riscado em seu coração naquele encontrão da tarde passada: - por um momento, mínimo que seja, você foi o amor da minha vida. valeu.

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